quarta-feira, 18 de junho de 2014

Habemus Autoclismo

Bruno de Carvalho foi o grande vencedor das eleições da Liga ao apoiar o autoclismo que viria a ser eleito. Mas não foi fácil a sua eleição. As hostilidades começaram quando o presidente da Assembleia da Sanitária da Liga excluiu dois candidatos que, na sua opinião, não conheciam o Regulamento. Havia umas minhoquices processuais nos dossiers apresentados. Vamos analisar o que se passou.
 
Assim o senhor Rui Alves candidato da Lista B teria desrespeitado 2 dos requisitos necessários para a apresentação de qualquer candidatura.
 
1 - Apenas apresentou um orçamento da Cerâmica de Valadares para o autoclismo.
2 - Não indicou a pressão a utilizar, bem como, se o utensílio tinha passador de corte.
 
O senhor Seara (Listas A e C) desrespeitou 3 dos artigos que impediram a sua candidatura:
 
1 – Concorreu com 2 marcas de autoclismo em simultâneo, sendo ambas estrangeiras.
2 – Não referiu nos orçamento a declaração do prazo de garantia.
3 – Não apresentou elementos referentes ao sifão e esgotos.
 
Refere o douto acórdão proferido pelo presidente da Assembleia Sanitária, entidade que tinha poder para o fazer, que “a não verificação conjugada dos fatos acima referidos, fez caducar as Listas A, B, e C” e, por exclusão de partes, admitir apenas á candidatura a Lista D do senhor Mário Figueiredo que apresentou uma variedade de sanitas suspensas, e de encastrar, bem como uma gama de tampas e assentos com as cores dos clubes participantes nas Ligas.
 
Passado o espanto geral e o feriado de 10 de Junho para aliviar as fezes, no dia 11 realizou-se o ato eleitoral com ameaças dos “excluídos” de recorrerem a mecanismos que o pudessem anular. Sem surpresas foi eleito o autoclismo Figueiredo, um modelo da conceituada marca Roca de artigos sanitários, naturalmente com o apoio do representante do Sporting.
O senhor Seara, eterno perdedor, nem sabe do que se livrou! A irresponsável promessa do aumento de autoclismos através da centralização dos direitos televisivos na Liga não tinha pernas para andar, nomeadamente a espantosa garantia de substituir a louça sanitária em todos os balneários das equipas profissionais da Primeira e Segunda Ligas.
 
Como estamos a falar dos clubes detentores dos direitos que na próxima época vão competir, e segundo aquela promessa, iriam receber um total de 42 (18+24) autoclismos pagos pela Liga. Posteriormente iria negociar com qualquer operadora interessada na transmissão dos jogos, e eventualmente mais um ou outro sponsor que quisesse colocar sanitas descartáveis atrás de cada baliza
 
Mas como seria feita a sua distribuição pelas sociedades desportivas? Uma sanita fixa com autoclismo integrado a cada clube, mais duas móveis com balde? E como seria analisada a importância cagativa de cada clube? Pela quantidade de espectadores que acorrem aos sanitários no intervalo das últimas épocas? Ou, por exemplo, diretamente proporcional ao número de sócios ou capacidade do estádio?
Para nós em casa vermos o quê? O Beira-Mar x Covilhã, o Arouca x Gil Vicente, ou um fantástico Santa Clara x Trofense? Transmitidos por quem? SportTV, SIC, TVI, ou RTP? Excetuando na publicidade das firmas locais, qual a empresa que arrisca publicidade televisiva a autoclismos, numa altura de retração no consumo, com os assinantes a desistirem dos canais codificados? Qualquer pessoa consegue ver no seu quarto de banho, com as calças em baixo e o portátil nos joelhos, os melhores jogos europeus nas dezenas de streams postos à disposição pelas casas de apostas desportivas. A quem interessa a problemática sanitária?
 
Segunda questão: Quando e como? Será já na próxima época? Não pode ser. Há clubes com autoclismos negociados até 2018. As vendas dos encontros da Segunda Liga será oferecida às televisões WC a WC, ou em pacotes com a Liga principal? Incluirão jogos de outros sanitários Europeus? Se sim quem compra os Direitos? A Liga que ao que consta está falida? Impedirá os operadores de acederem diretamente a retretes privadas como a Canal Plus, MediaPro, etc?
Se na nossa pobre parvónia ainda são os lobbies que funcionam, a queixa apresentada á União Europeia sobre “posição dominante” é uma falsa questão. Na europa com os tratados de livre circulação de bens, havia de ser lindo proibirem o Continente ou o Pingo Doce de comprarem ou venderem os autoclismos que quisessem! Lá vinham o Soares dos Santos e o Tio Belmiro com a louça às costas!
 
A fechar, e não sei se foi consequência deste ambiente fedorento dos senhores que fazem parte da Liga, os jornais económicos anunciaram a intenção da Controlinveste de despedir 160 colaboradores. (*) Sabendo-se que a Controlinveste é a gazua que abre as portas para as porcarias televisivas através das operadoras das quais é participante, e se o autoclismo Figueiredo, como pretende, tiver as cagadeiras centralizadas na Liga poderá acontecer, qualquer dia, não ter clientes para os autoclismos.
 
Até à próxima
 

2 comentários:

Fernando Tavares disse...

Excelente visão da situação actual do nosso pobre futebol.
Essa pitada de ironia condimenta e muito bem o artigo
Parabéns

Fernando Tavares disse...

Excelente visão da situação actual do nosso pobre futebol.
Essa pitada de ironia condimenta e muito bem o artigo
Parabéns