Março 2006 - Cunha Leal um dos peões de brega do clube da treta colocado na Liga como diretor executivo anulou a inscrição do jogador Mateus pelo Gil Vicente dizendo que “não podia ser inscrito, por ser jogador do Lixa com estatuto de atleta amador”.
Maio 2006 – O Gil Vicente fica em 12º e o Belenenses em 15º desce de divisão. O Belenenses contesta o facto do Gil Vicente recorrer aos tribunais comuns para que Mateus pudesse ser utilizado. A Liga instaura um processo ao Gil Vicente.
Agosto 2006 – A CD da Liga dá razão à queixa do Belenenses e faz descer o Gil Vicente. António Gomes da Silva (não confundir com o imbeciloide do Dia Seguinte) à altura presidente da CD tinha votado contra e é demitido por Adriano Afonso outro digno representante da “instituição”, à altura dos factos presidente da AG da Liga.
Agosto 2006 – O CJ da FPF confirma a decisão da CD da Liga, considerando irregular o facto do Gil Vicente ter recorrido, primeiro para os juízos cíveis, e mais tarde para o Tribunal Administrativo.
Maio 2016 – Passados 10 anos o Tribunal do Círculo de Lisboa produz um acórdão considerando “nulo o acórdão de 28 de Agosto 2006 do CJ da FPF que aplicou a pena de descida de divisão” e ordena ainda “proceder à integração do Gil Vicente no mais curto espaço de tempo possível”! A origem do caso (pena de descida de divisão por ter recorrido aos tribunais comuns) “constituiu uma lesão grave do acesso ao direito e à tutela jurisdicional efetiva em matéria disciplinar”. Ou seja, o tribunal considerou que a despromoção do Gil Vicente por recurso aos tribunais comuns violou a garantia constitucional do direito fundamental de acesso aos tribunais porque a questão não era do foro desportivo mas, como é evidente, do foro administrativo. O Trio Fantástico da Comissão de Disciplina da Liga (Pedro Mourão, Frederico Cebola e Fonseca Silva) tinha metido água.
A ignorância dos doutos magistrados, quer da Comissão de Disciplina da CD da Liga, quer do Conselho de Justiça da FPF é de ir às lágrimas. Agora repare-se na pouca sensibilidade do Tribunal Administrativo, depois destes anos todos, atirar com este acórdão cá para fora em cima da data em que os clubes estão a apresentar as suas inscrições, orçamentos para a nova época, documentação para análise dos pressupostos financeiros, contratar e dispensar jogadores, etc. Esperava mais 1 mês e as coisas resolviam-se com calma. Mas isso será pedir muito aquela cambada.
Resultado: o Gil Vicente pede a integração imediata e 20M€ de indemnização à Liga e à FPF “pelos danos causados pela descida de divisão em 2006, depois de ter assegurado em campo a permanência”.
A Liga, a FPF e os clubes tinham acordado num protocolo que os campeonatos seriam sempre disputadas por equipas em número par. Agora vão ter que, em vez de 1 clube, fazerem subir 2. Põe-se a questão: Quem será o outro feliz contemplado? O terceiro da Segunda Liga (Portimonense) ou o ante penúltimo (União da Madeira) da Primeira? Escusam de fazer mais confusões basta ler o Regulamento da Liga que manda “em caso de alterações por motivos disciplinares ou outros a vaga ser ocupada pelo clube onde se verificou essa anomalia”. Como a situação aconteceu na Primeira Liga fica o União da Madeira.
Num outro protocolo, tinham também acordado que os campeonatos seriam reduzidos a partir da época 2017/2018 mais 2 clubes por ano (descem 4 e sobem 2), passando de 18 para 16 equipas até à época 2018/2019. Desta vez todas as boas intenções em tornar a Liga mais competitiva foram esquecidas e, ao contrário, devem passar a ser 20 em vez de 18.
Eis senão quando, na AG do passado dia 15, os representantes dos clubes aprovaram (por moção da direção da Liga) o adiamento da decisão “até trânsito da sentença em julgado”, o que acontecerá no próximo dia 14 de Julho.
Consequências laterais - Vários “recursos” se anunciam: um da Académica que não tendo nada a ver com este assunto, se acha no direito de ser contemplada. Denuncia “irregularidades nas inscrições de jogadores do Vitória de Setúbal”.
Outro do União da Madeira que decidiu o mesmo, “em nome da verdade, da justiça desportiva e da igualdade entre clubes, intentar junto do Conselho de Disciplina da Federação Portuguesa de Futebol uma participação disciplinar contra o Vitória FC”. Em causa está a inscrição e a utilização irregular de jogadores, que justifica, no entender do União da Madeira, a condenação do Vitória FC, com perda de pontos e consequente descida de divisão».
Para um Grande Final o Belenenses também recorre. Mas aqui (e sou eu que digo) ou muito me engano ou anda mãozinha de Joaquim Oliveira, acionista maioritário do clube dos pastéis de nata, a quem não lhe interessará nada ter que negociar com mais dois clubes as transmissões da SportTv. Pelo menos convém-lhe que adiem a integração mais um ano.
Epílogo – Uma trapalhada causada pela impreparação da geringonça que vegeta nas altas esferas do futebol indígena, nomeadamente nos seus Conselhos Disciplinares e de Justiça. Enquanto não limparem de lá toda aquela “cebolada” (vocês sabem de quem estou a falar) isto nunca mais vai a lado nenhum.
Mas, pensando bem, para o Gil até poderia ser melhor subir para o ano. Como provavelmente vai andar atrás da indemnização durante vários meses como o Boavista e receberá pouco mais de 10% dos 20M€ pretendidos terá mais tempo para preparar a época sem correr o risco de descer outra vez..
Até à próxima trapalhada
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