Hoje, depois do jogo com a Dinamarca, Portugal volta a sorrir e a acreditar na sua selecção de forma convicta. Foi no sofrimento, mas conquistamos os 3 pontos que eram indispensáveis. Hoje já ninguém falará de jogos de sorte e azar, de eficácia ou falta dela, de se deve jogar Postiga ou Nelson Oliveira ou se não temos ponta de lança de todo.
Infelizmente o defeito da crítica em geral tem sido este. Estar refém do resultado final e depois instituir de uma forma algo estranha a ideia peregrina de que não se pode criticar a selecção nacional como se isso fosse algum crime de lesa pátria. Todos temos que ver o copo meio cheio e não o contrário. Daí que com a Alemanha tenha tudo alinhado pela ideia de que só não ganhamos por azar. Daí que todos parecessem tão chocados e agissem como virgens ofendidas quando ex-jogadores como Rui Costa e Figo tenham sido minimamente racionais na análise acusando Portugal de só ter procurado a tal sorte após ter sofrido o golo da Alemanha. Portugal que na 1ª parte faz um remate ao poste mas contra a corrente de jogo. Um Portugal que preferiu jogar para não sofrer e encravar o jogo alemão nem que para isso fosse necessário abdicar de atacar.
Poucos ousaram debater-se sobre questões fulcrais que se prendem com o jogo de Portugal. A incapacidade gritante de Portugal sair com qualidade nas transições ofensivas, os imensos passes falhados nessa 1ª zona de construção, o facto de os 3 jogadores da frente estarem demasiado entregues a si próprios e o facto de P. Bento ter prometido para este Euro uma equipa de posse e o que se viu foi uma equipa que como modelo de jogo não apresenta nem posse nem transição, antes lançamentos longos por parte dos defesas centrais.
O trio de meio campo tão cristalizado por P. Bento e que não poderia conhecer um corpo estranho como H. Viana devido ao facto de ser um trio que estaria fadado a jogar em posse, passou incólume à crítica. Primeiro o azar. Logo a seguir, caiu-se no mais fácil. Criticar o ponta de lança. Vieram logo as contas de há quantos jogos não marcava Postiga por Portugal e a conversa da falta de eficácia. Muitos queriam mexidas, mas apenas em nomes. Poucos se debruçavam sobre a forma como Portugal havia jogado e o que se pretende para o jogo de Portugal. Para muitos era apenas uma questão de sorte e de colocar Nelson Oliveira em campo.
- Ora impõe-se alguma racionalidade na análise
Acho que P. Bento tem demonstrado ao longo da sua carreira, não só agora no Europeu, ser um treinador quadrado, com muitas dificuldades em agir ou tomar opções de risco, sempre joga com os mesmos e da mesma forma e não muda a não ser que tenha que reagir a algum evento relevante do jogo como estar em desvantagem. P. Bento é tão certo e previsível como a sua risca ao meio.
Raramente inova, tem aversão à mudança e é capaz de ser fiel às suas ideias até à derrota final ainda que elas se provem erradas durante o processo. Tal juntamente com a sua forma de liderança conflituosa e que sempre leva a que alguns jogadores fiquem pelo caminho, faz com que tome decisões polémicas como prescindir do melhor lateral direito português, ou do médio português com melhor qualidade de passe.
Essas ideias fixas, beirando a teimosia pura de P. Bento fazem com que o selecionador, mesmo quando veja algo a correr mal, não seja capaz de ter o arrojo ou a coragem de emendar a mão e lançar outro plano que ninguém esteja a contar. Nisso o sargentinho fica aquém do sargentão, que mal viu as coisas correrem mal no 1º jogo de Portugal no Euro 2004, não se importou de dar a mão à palmatória e mudar meia equipa colocando em campo aquela base do Porto Campeão da Europa.
Para este jogo com a Dinamarca era fundamental Portugal assumir o jogo, subir as linhas, haver trocas constantes e movimentação constante, e acima de tudo melhor qualidade de passe e que os médios interiores se aproximassem mais a zonas de finalização. Para isso era necessário proceder a mudanças no onze? Não necessariamente. Mas com elas havia a segurança de que determinados momentos do jogo que falharam contra a Alemanha estariam mais facilmente cobertos.
O exemplo mais flagrante é o de H. Viana. Tantos falaram da questão do ponta de lança quando essa era uma falsa questão. Postiga pode não ser um ponta de lança de eleição, mas para o estilo de jogo, para o modelo de jogo que P. Bento se propôs a apresentar, baseado num futebol mais apoiado, faz todo o sentido. Postiga com a Alemanha cumpriu com o que se pediu. Foi injusto recrimina-lo apenas porque se queria sentir que se mudava algo. A irreverência e a explosão de Nelson Oliveira é uma arma a usar mas claramente não se justificava como opção inicial para um jogo com a Dinamarca. Uma equipa que se esperava que jogasse com o bloco baixo e que por isso não daria o tal espaço para N. Oliveira ganhar metros aos defesas em velocidade. Precisava-se de um ponta de lança mais experiente, mais de apoios, capaz de sair da marcação e jogar como pivô ofensivo, bem mais do que um ponta de lança que esticasse o jogo.
Outra mexida que poderia ter sido feita seria na lateral direita. Não por uma questão estratégica, mas pela simples questão de J. Pereira demonstrar chegar a este Europeu em claro declínio do ponto de vista físico. Não é o mesmo J. Pereira que vimos ao longo da época. Pelas indicações dadas por M. Lopes no final da época e nos amigáveis não seria de descartar essa troca, mesmo sabendo dos riscos de lançar M. Lopes num jogo de queima. Mas se foi convocado por P. Bento é porque o treinador o considera pronto para ir a jogo.
P. Bento como seria de prever nada fez. Fechou os olhos ao que se passou no jogo com a Alemanha. O próprio relativizou tudo falando em sorte e azar ao invés de comentar o que a selecção podia ter feito mais para ter a tão desejada sorte. Curiosamente já ninguém falou de sorte após o jogo com a Dinamarca resolvido nos últimos minutos por Varela… Com a Dinamarca, uma vez mais o resultado iria maquiar as deficiências no jogo de Portugal. O golo inaugural é de uma bola parada em que Pepe ataca muito bem o 1º poste, e o 2º golo é uma jogada bem desenhada por Nani e concluída à ponta de lança por Postiga, calando os críticos.
Ainda assim, analisando o jogo friamente, o que podíamos ver era uma selecção portuguesa que tinha menos posse de bola que a Dinamarca o que não deixa de ser alarmante vindo de uma equipa em que o seu treinador condiciona toda a sua convocatória pela premissa de que a equipa será uma equipa de posse e não de transições. Logo aí se avista o primeiro erro. P. Bento se lesse bem as características dos jogadores que tem e até mesmo o estado actual do futebol português, saberia que Portugal se quiser ser uma equipa de posse será uma equipa incompleta e frustrada. Se quiser ser uma equipa candidata a ganhar um Europeu tem que assumir sem complexos ser uma equipa de transições. E não vem mal ao Mundo por isso. Grandes equipas como o Real Madrid são equipas eminentemente de transições. Isso não é sinónimo de menos qualidade ou menos jogo ofensivo.
Portugal podia ser uma equipa de posse quando tinha no seu onze jogadores com as características de Figo, Rui Costa e João Pinto. Numa equipa como a que temos actualmente com dois dos melhores extremos do Mundo, com médios que são eminentemente reconhecidos como médios de transição e com laterais tão ofensivos, não tem lógica lutar contra a natureza da equipa amarrando-a a uma ideia de jogo que não lhe assenta de forma cómoda.
E isso vê-se no jogo. Portugal quando tenta fazer-se dono da posse de bola não se sente bem. Tem dificuldades em jogar em organização ofensiva. Perde demasiados passes no meio campo, geralmente fica sem saber muito bem quando meter o passe de ruptura. Obriga a que jogadores explosivos como Nani e CR7 tenham que baixar muito no terreno e participar na criação do jogo ofensivo quando ambos são jogadores que gostam mais de ter a bola no espaço para poderem partir em jogadas individuais, aproveitando o apoio dos laterais. Pedir a uma equipa com estes jogadores para jogar em posse é um espartilho. Tal como seria pedir a uma selecção com médios como Iniesta, Xavi, Cesc, David Silva, etc. para jogar em transições seria contra natura.
Essa primeira questão seria fundamental. P. Bento assumir que Portugal é uma equipa de transições, assumir para ele próprio, para os seus jogadores e para o exterior. Já viria tarde, porque já o devia ter assumido e preparado a equipa dessa forma há mais tempo. Mas passada essa fase ele poderia ler o jogo de outra forma e dar à equipa os equilíbrios que esta necessita para poder não apenas estar forte no momento defensivo mas acima de tudo ajudar a desencravar a transição ofensiva que vem estado encravada nestes dois jogos.
Muitos fogem da questão essencial dizendo que falta um 10 a esta equipa. Falsa questão. Uma equipa com 2 extremos como Portugal tem, mais do que um 10 precisa é de médios que mais do que correr com bola, que a saibam passar em profundidade. Ora o melhor jogador para o fazer está no banco e nem sequer aqueceu para entrar um minuto que fosse neste Europeu…
- Portugal é em campo o reflexo das dúvidas do seu selecionador
Ora tenta jogar em posse, mas acaba por falhar na tentativa de transição e alterna esse tipo de jogo com o recurso à jogada mais simples, atraso nos centrais e bola longa para o trio da frente na esperança que algo aconteça. Uma selecção que P. Bento tanto tem defendido que mantém a identidade, mas que se trata de uma identidade pouco vincada e aparentemente pouco treinada. Porque por vezes vê-se uma forma de sair para o ataque tão rudimentar como se se tratasse de uma selecção como a Grécia ou a Irlanda. Algo estranho atendendo à qualidade técnica dos nossos médios.
Uma equipa que tal como o seu selecionador é pouco pró-activa em campo, é reactiva. Funciona por estímulos do adversário. Portugal contra a Alemanha só arrisca e aproxima as linhas e pressiona mais em cima após sofrer o golo. Com a Dinamarca não consegue gerir uma vantagem de dois golos, vai perdendo paulatinamente o controlo do jogo e depois reage apenas quando sofre o golo do empate.
- Jogo com a Dinamarca
P. Bento esteve muito bem na forma como defendeu o seu ponta de lança antes do jogo. A haver mexidas na equipa não se justificava que fosse a saída de Postiga por mais popular que esta medida fosse. Não se justificava a sua saída nem pelo que tem rendido nem pelas características do adversário.
Perante uma imprensa tão adversa e roçando mesmo um tom algo agressivo para com Postiga, P. Bento fez bem em garantir a sua titularidade. Daquela forma foi líder e ganhou um jogador motivadíssimo para o jogo.
Na abordagem ao jogo, o que se esperava. As mesmas peças mas uma tentativa de que desta vez Meireles e Moutinho fossem capazes de subir no terreno e ajudar na pressão ofensiva, tentando obrigar o erro da Dinamarca quando tentava sair a construir desde trás. O problema no meio campo português continuou a ser a falta de critério na hora de passar a bola e na quantidade de passes falhados sempre que se exigia um passe de maior risco. Nesse capítulo M. Veloso foi até o jogador que melhor se apresentou. Ao contrário do jogo com a Alemanha que pediria um trinco mais posicional, este tipo de jogo assentava melhor nas características de M. Veloso. Uma equipa que lhe permitia ter mais tempo e espaço para tentar passes longos e pautar o jogo da equipa como 1º médio no momento da organização ofensiva. No jogo com a Alemanha ele andava demasiado preocupado em não deixar jogar e acabava nem por recuperar muitas bolas nem por conseguir sair a jogar com qualidade.
Sente-se no meio campo de Portugal a incapacidade dos médios interiores de serem um apoio efectivo no momento ofensivo. Quer Moutinho quer Meireles são médios de alta rotação (mais Moutinho que Meireles) e que podem em condições normais fazer o vaivém no meio campo. Acontece que ambos se apresentam neste Europeu com algum défice físico. Isso torna-se ainda mais claro em Meireles. Moutinho mesmo no Porto é um 2º médio a chegar-se à frente. É mais um médio de equilíbrios do que de desiquíbrios. Nesse tipo de aproximações à área para finalizar ou fazer o último passe, deixa-se essa função para Lucho. Moutinho aparece menos. Daí que na selecção essa função devesse caber mais até a Meireles pela sua boa meia distância.
Num 4-3-3 tão fixo e cristalizado, se os dois médios interiores não tiverem a capacidade de se desdobrarem e de serem o 2º homem a aparecer em zonas de finalização ou para efectuar o último passe, facilmente teremos uma equipa sem ligação tendo que jogar muitas vezes directo da defesa para o ataque. Ainda para mais, este tipo de táctica, e tendo em conta que temos dois extremos muito ofensivos, obriga a que o meio campo para dar equilíbrio acabe por ter que se desgastar muito pois exige-se que apareçam em zonas adiantadas mas que também compensem o facto de nem sempre os extremos acompanharem o lateral.
Veja-se o caso de CR7 que pouco defende e obriga a que M. Veloso tenha que várias vezes ajudar Coentrão nas coberturas. Notou-se a tentativa de Portugal de com as mesmas peças traçar um plano de jogo diferente. A qualidade dos jogadores portugueses fez a diferença mas a verdade é que o jogo a meio campo continua pouco fluído e denota-se cada vez mais o desgaste. Não sabemos em que condições chegarão estes 3 jogadores ao jogo com a Holanda pois têm sido sujeitos a um enorme desgaste.
- Portugal com a Alemanha e também com a Dinamarca demonstrou ter como sector mais forte o centro da defesa. B. Alves e Pepe têm formado uma dupla fortíssima e que se complementa bem. Por outro lado, temos visto o melhor Coentrão. Neste jogo vimos uma pequena falha de R. Patrício no 1º golo e continuamos a assistir a um J. Pereira com pouco fulgor físico, sendo o elo mais fraco da defesa. Em termos do trio da frente, Nani mostrou-se participativo e foi para mim o melhor em campo. Muito bem na forma como assistiu Postiga no 2º golo e também cruzou várias vezes com muito perigo. Nani soube gerir o ritmo de jogo e tacticamente foi muito importante na forma como apoiou J. Pereira. H. Postiga fez um belo golo e efectuou o trabalho que se esperava dele. Cada vez mais se nota também que Postiga chega muito desgastado e que tem que sair aos 60 minutos. Temos ponta de lança para 60 minutos, principalmente neste estilo de jogo com tanta bola colocada no espaço. Claramente não é a melhor forma de servir Postiga.
CR7 foi alvo da crítica fácil e da fúria de todos pelos golos que falhou. Foram falhanços, principalmente o 2º que não são comuns em CR7. Denota-se que CR7 continua a sentir o peso do mundo nos seus ombros sempre que joga pela selecção e quanto mais pressionado se sente mais tem a tendência para tentar resolver tudo sozinho, para implicar com as falhas dos companheiros e acaba também por descurar as tarefas defensivas.
Não me preocupa a falta de eficácia de CR7. Isso é o menos, pois sabemos que a qualquer momento ele marca um golo e volta a confiança. Preocupa-me mais a sua postura em campo, principalmente quando é o capitão de equipa. A culpa porventura esteve em que lhe deu essa responsabilidade quando ele porventura não tem as características de um líder. No campo vejo mais Pepe ou B. Alves como líderes do que propriamente CR7. Obviamente que tirar-lhe agora a braçadeira seria péssimo e altamente desaconselhável.
Por outro lado, foi importante mostrar ao público em geral e ao próprio CR7 que a selecção é mais do que ele e mais 10. Pode ganhar sem ele como figura decisiva. Se não houver CR7 um dia, não deixa de existir selecção. Pode ser que isto retire de alguma forma pressão dos ombros de CR7 e que também o faça sentir mais como um elemento do grupo.
Em termos estratégicos P. Bento demonstrou o mesmo de sempre. Nisso ele é tradicionalista e bastante previsível. Raramente mexe com o jogo desde o banco. Fez a substituição que se esperava fazendo entrar N. Oliveira. Postiga estava desgastadíssimo e tinha que sair. Pode ter falhado nessa substituição por o jogo estar 2-1, e por sentir-se que CR7 não descia e a Dinamarca estava a apostar muito no nosso flanco esquerdo. Coentrão via-se sempre perante dois jogadores e o próprio meio campo estava desgastadíssimo e já não conseguiam ser tão lestos no apoio a Coentrão. Meireles estava em claro declínio físico e continuou em campo. Meireles que mesmo quando está no seu melhor não costuma completar os 90 minutos…
N. Oliveira entrou bem, e esperava-se que pudesse aproveitar o espaço no centro do ataque, dar profundidade ao ataque português e ter um maior raio de acção que Postiga. Pode-se dizer que o jovem avançado não tremeu. Entrou bem, segurou a bola, tocou bem para os companheiros e fez uso da sua capacidade física para puxar contra ataques ou para ganhar faltas.
O problema é que na esquerda mantinha-se um convite aos ataques, cada mais intensos, dos dinamarqueses. Toda a gente via isso, e exigia-se uma mudança. Poderia ser a saída de Nani e a entrada de Varela com a passagem de CR7 para a direita. P. Bento nada fez. Esperou até sofrer o golo. Aí também nada de novo. O plano B, 4-2-3-1, com Nani como 10 e CR7 a aproximar-se de N. Oliveira assim como Varela. Estivemos praticamente fora do Europeu. Varela foi o herói desta vez. Mas convém não esquecer que após estarmos com uma vantagem de dois golos perante a Dinamarca colocamo-nos a jeito de sofrer dois golos e ver o Euro a escapar-se nos últimos minutos.
Após a vantagem, P. Bento fez o que vem nos livros, colocou mais um central esperando o chuveirinho dos dinamarqueses. Curiosamente, pediu a N. Oliveira que até é ponta de lança, para passar para a esquerda e dar o apoio defensivo a Coentrão que CR7 não vinha dando, deslocando CR7 para o meio. Uma opção tardia. Felizmente tivemos Varela, caso contrário poderia ter sido tarde demais.
(cont) Parte 2 Missão Holanda
CR7 foi alvo da crítica fácil e da fúria de todos pelos golos que falhou. Foram falhanços, principalmente o 2º que não são comuns em CR7. Denota-se que CR7 continua a sentir o peso do mundo nos seus ombros sempre que joga pela selecção e quanto mais pressionado se sente mais tem a tendência para tentar resolver tudo sozinho, para implicar com as falhas dos companheiros e acaba também por descurar as tarefas defensivas.
Não me preocupa a falta de eficácia de CR7. Isso é o menos, pois sabemos que a qualquer momento ele marca um golo e volta a confiança. Preocupa-me mais a sua postura em campo, principalmente quando é o capitão de equipa. A culpa porventura esteve em que lhe deu essa responsabilidade quando ele porventura não tem as características de um líder. No campo vejo mais Pepe ou B. Alves como líderes do que propriamente CR7. Obviamente que tirar-lhe agora a braçadeira seria péssimo e altamente desaconselhável.
Por outro lado, foi importante mostrar ao público em geral e ao próprio CR7 que a selecção é mais do que ele e mais 10. Pode ganhar sem ele como figura decisiva. Se não houver CR7 um dia, não deixa de existir selecção. Pode ser que isto retire de alguma forma pressão dos ombros de CR7 e que também o faça sentir mais como um elemento do grupo.
Em termos estratégicos P. Bento demonstrou o mesmo de sempre. Nisso ele é tradicionalista e bastante previsível. Raramente mexe com o jogo desde o banco. Fez a substituição que se esperava fazendo entrar N. Oliveira. Postiga estava desgastadíssimo e tinha que sair. Pode ter falhado nessa substituição por o jogo estar 2-1, e por sentir-se que CR7 não descia e a Dinamarca estava a apostar muito no nosso flanco esquerdo. Coentrão via-se sempre perante dois jogadores e o próprio meio campo estava desgastadíssimo e já não conseguiam ser tão lestos no apoio a Coentrão. Meireles estava em claro declínio físico e continuou em campo. Meireles que mesmo quando está no seu melhor não costuma completar os 90 minutos…
N. Oliveira entrou bem, e esperava-se que pudesse aproveitar o espaço no centro do ataque, dar profundidade ao ataque português e ter um maior raio de acção que Postiga. Pode-se dizer que o jovem avançado não tremeu. Entrou bem, segurou a bola, tocou bem para os companheiros e fez uso da sua capacidade física para puxar contra ataques ou para ganhar faltas.
O problema é que na esquerda mantinha-se um convite aos ataques, cada mais intensos, dos dinamarqueses. Toda a gente via isso, e exigia-se uma mudança. Poderia ser a saída de Nani e a entrada de Varela com a passagem de CR7 para a direita. P. Bento nada fez. Esperou até sofrer o golo. Aí também nada de novo. O plano B, 4-2-3-1, com Nani como 10 e CR7 a aproximar-se de N. Oliveira assim como Varela. Estivemos praticamente fora do Europeu. Varela foi o herói desta vez. Mas convém não esquecer que após estarmos com uma vantagem de dois golos perante a Dinamarca colocamo-nos a jeito de sofrer dois golos e ver o Euro a escapar-se nos últimos minutos.
Após a vantagem, P. Bento fez o que vem nos livros, colocou mais um central esperando o chuveirinho dos dinamarqueses. Curiosamente, pediu a N. Oliveira que até é ponta de lança, para passar para a esquerda e dar o apoio defensivo a Coentrão que CR7 não vinha dando, deslocando CR7 para o meio. Uma opção tardia. Felizmente tivemos Varela, caso contrário poderia ter sido tarde demais.
(cont) Parte 2 Missão Holanda





4 comentários:
Excelente análise Ricardo Costa.
Obrigado por terem colocado o meu tasco na vossa lista.
Abraço,
PeLiFe
BASEL84.BLOGSPOT.PT
Obrigado caro PeLiFe.
Um abraço.
@ Ricardo Costa
Temos aí muitos pontos em que concordamos.
Alias eu já te tinha dito pessoalmente que do pouco que vi com olhos de ver do jogo contra a Dinamarca que o Paulo Bento é muito limitado no que à leitura do jogo diz respeito. Sempre que é preciso ir ao banco para resolver o jogo ele atira a moeda ao ar e cá vai disto... Por acaso a entrada do varela até lhe caiu bem para o contentamento de todos nós Portugueses.
Por outro lado penso que já deveria ser dada uma oportunidade ao Viana. Quanto mais não seja para "refrescar2 um meio campo que se desgasta com facilidade e que já está muito cansado apesar de ser de grande qualidade.
Agora parece-me que Portugal tem duas dois aspectos onde leva uma enorme vantagem sobre os adversários:
- Há um espírito de grupo e de sacrifício muito grande;
- O nível físico de uma grande maioria dos Jogadores parece estar melhor do que o das outras Selecções. Se reparares muitas Selecções entram a massacrar na primeira parte dos jogos e depois caem por terra na segunda parte.
vamos a ver se isto é suficiente para Portugal poder vencer o EURO 2012 mesmo que a correr por fora.
Quanto a Ronaldo, só alguém muito estúpido e maldoso pode dizer mal do Jogador e desvaloriza-lo. É um facto que este falhou e que não tem estado no seu melhor, mas daí a afirmar que o Messi é que é e que o Ronaldo não vale nada vai uma enorme distância.
Aquele abraço!!!!
P.S.: PeLiFe, não tem nada que agradecer.
P.S.2: O pessoal que tem pedido para adicionar o seu blog à nossa Lista de Links que se mantenha calmo pois eu não estou esquecido. Não tenho tido é tempo para tratar disto.
@The Blue One,
Eu desde o início do Euro tenho achado que H. Viana deveria ser titular atendendo ao facto de não termos nenhum médio com aquelas características e atendendo ao facto de que Portugal para ser candidato,ter que aproveitar o seu ponto forte que podem ser as transições.
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Temos dois dos melhores extremos do Mundo,mas falta um médio que coloca bola no espaço para eles aparecerem mais.
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Portugal não está entre os favoritos.O nosso selecionador não é grande coisa, faltam-se opções diferentes para o meio campo,temos dos piores pontas de lança em prova (o 3º avançado de Espanha,Alemanha,Itália etc seriam titulares em Portugal) e falta-nos um grande lateral direito.
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Sobre o espírito de grupo não posso dizer se é muito bom ou mau porque não estou lá para ver.É um facto que pelo menos publicamente não temos tido os problemas que tem tido a Holanda.
Mas não é apenas com espírito de grupo que se ganha,se fosse por aí os irlandeses ainda estariam em prova. Temos que apresentar qualidade.
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Fisicamente não sei até que ponto estaremos em melhores condições. Temos jogadores em diferentes estados.
Nani,Coentrão e Pepe apresentam-se em boa forma,também porque no caso dos dois primeiros não tiveram muitos jogos nas pernas este ano, mas por outro lado temos um claro défice físico a meio campo. Meireles está de rastos,Moutinho não está tão fresco como habitual e J. Pereira então é o caso mais claro de jogador que chega ao Euro em queda.
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Acho que o desgaste se notará mais ainda a meio campo,porque este 4-3-3 de P. Bento provoca muito desgaste ao trio de médios.
Temos duas soluções interessantes no banco como Custódio e H. Viana...Curiosamente nenhum dos dois somou um minuto sequer até ao momento...
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Mas a entrada de H. Viana vejo-a não como rotatividade,mas porque precisamos de alterar a forma de jogar, principalmente a meio campo e H. Viana pode ajudar nessa mudança.
Portugal não é favorito porque para além de tudo não apresenta um modelo de jogo consolidado.Pelo contrário temos Alemanha,Espanha,Rússia e até mesmo França que têm um modelo de jogo claro. Croácia e Itália são outras selecções que apresentam um fio de jogo interessante.
Portugal joga por impulsos mas não demonstra ainda uma ideia clara de jogo.
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Um abraço.
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