segunda-feira, 15 de julho de 2013

Primeiras impressões do F. C. Porto versão 2013/2014

 
Começaram os primeiros amigáveis de pré-época do F.C. Porto. Não se podem considerar ainda verdadeiros testes por a preparação ainda estar muito no início e ainda haver a preocupação em dar minutos a todos os jogadores.
  • Ainda assim, já se conseguem apontar algumas nuances de P. Fonseca e algumas opções do novo treinador portista
A maior de todas passa pela inversão do triângulo a meio campo. O 4-3-3 é para manter, mas desta vez, e ao contrário do hábito instituído há vários anos no clube, poderá inverter-se o vértice do triangulo a meio campo.
Parece ser uma boa opção de P. Fonseca. Por um lado, acautela uma possível saída de Fernando, por outro faz subir Lucho mais no terreno, deixando mais próximo da zona de finalização e não lhe exigindo tanto do ponto de vista físico, tendo em vista que já não é um jovem e acreditando que ele poderá fazer a diferença no último passe, mais do que estando próximo do primeiro médio na zona de construção, uma vez que desse médio espera-se que tenha outra dinâmica.
 
Fernando pode sair ou não, mas mesmo que não saia não invalida a opção de P. Fonseca. É um facto que o “polvo” joga melhor sozinho, mas o Porto tem que criar alternativas à sua forma de jogar, e aproveitar os recursos que tem. Fernando não ficará para sempre no clube, e ao mudar os processos a meio campo, acautela essa possível saída, dotando a equipa de soluções eficazes e automatismos.
 
Espera-se que não haja um "polvo" mas sim dois jogadores capazes de trabalhar no processo defensivo mas que também se possam revezar na hora de construir ou de subir no terreno.
Por outro lado, é também aproveitar jogadores como Defour, Castro, Herrera e outros que o Porto tem no seu plantel que funcionam melhor jogando como 2º médio numa linha de dois, podendo sair a construir mais de trás ,sendo jogadores de grande pulmão que dão dinâmica ao jogo.
 
Poderia pensar-se que se tratava de uma opção mais defensiva pois passa-se a jogar num 2x1 e não num 1x2 como até aqui, mas na verdade esse segundo médio recuar uns metros até pode fazer com que o jogo da equipa seja mais ofensivo, mais vertical. Não se espera que esse 2º médio seja um médio defensivo. Espera-se que seja o primeiro médio a construir, daí que Josué tenha sido testado numa posição mais recuada do que vinha sendo habitual no Paços.
P. Fonseca espera que seja um médio capaz de virar o centro do jogo e oferecer alternativas na hora de construir no processo ofensivo. Uma pecha no Porto de Vítor Pereira que por vezes se perdia em tanta posse, e esgotava Lucho no momento da pressão.
 
Trata-se ainda de reconfigurar o modelo de jogo após a perda de Moutinho. Em vez de ter um jogador a fazer o papel que cabia a Moutinho, espera-se que sejam dois médios a compensar essa lacuna, e pede-se a Lucho que seja mais maestro e menos operário. Até porque era um problema recorrente na época passada, por momentos sentia-se que Jackson ficava muito desacompanhado na zona central e esperava muito tempo para que aparecessem apoios.
  • Erros do passado corrigidos
Esta época nota-se também que a direcção esteve atenta a erros do passado. Importantíssimo corrigir quando se ganha. Porque se se esperar pela derrota aí será tarde demais.
O F. C. Porto sagrou-se campeão, mas era visível que tinha poucas opções. O plantel era curto, e notava-se que não lutava com as mesmas armas que o seu principal rival, que podia até não ter um colectivo tão consistente ou um onze tão forte, mas que tinha muitas opções para alterar o decurso dos jogos e para poder fazer rotatividade, principalmente no ataque.
 
O F. C. Porto tratou de ir corrigindo erros esta época. Começou logo por apostar mais no mercado nacional, não se sabendo se por estratégia ou necessidade, mas uma política interessante atendendo que foi com base em políticas semelhantes que o F. C. Porto conheceu os seus anos mais vitoriosos.
  • Um dos erros corrigidos, foi a questão do ponta de lança
Há alguns anos que o Porto tem descurado esse sector, deixando geralmente a posição entregue a um só jogador de grande qualidade. O suplente quando havia nunca poderia concorrer pela titularidade, e noutras épocas teve mesmo que ser Hulk a ter que ser adaptado ao centro para enfrentar essa lacuna.
 
Depois ainda houve flops como Walter ou Kleber. Um dos maiores erros no planeamento da época passada, e que poderia mesmo ter custado o título ao F.C. Porto, foi ter deixado escapar Lima para o Benfica. Não só não garantiu um reforço de enorme qualidade e que estava já perfeitamente enquadrado ao nosso campeonato, como ainda permitiu que o seu rival ganhasse um argumento de peso na luta pelo título.
Ghilas este ano foi a resposta a esse erro. Ghilas tal como Lima, é um avançado que acrescenta potência, mobilidade e golos. Tal como Lima está já adaptado ao futebol português e tal como Lima poderia caber no plantel de qualquer um dos três grandes e representar uma mais valia.
 
Ghilas é finalmente o avançado capaz de discutir a titularidade ou pelo menos ser uma opção credível ao ponta de lança titular. Jackson fez demasiados jogos na época passada e acabou o ano de rastos. Com Ghilas o Porto ganha uma opção que pode juntar-se a Jackson em alguns jogos e dar uma opção que nem Kleber e menos ainda Liedson conseguiam dar.
 
Por outro lado é um avançado que pode assumir a titularidade sem que se perca qualidade. Não será também um avançado problemático para se ter no banco, pois trata-se de um jogador ainda jovem, que quer aprender e que vem para somar o máximo de minutos que consiga, e tem ainda uma boa margem de progressão.
  • O Porto também cometeu o erro no passado de ficar sem opções para as laterais
V. Pereira teve que adaptar centrais a laterais, algo que claramente atrapalhava a equipa no processo ofensivo. Boa decisão a de resgatar Fucile. Um jogador com muitos anos de clube, que ganha uma 2ª vida e que poderá preencher cada uma das laterais. Principalmente é muito bom para Danilo sentir que não pode relaxar e que tem que jogar muito mais do que tem feito até aqui.
  • O maior enigma actual do plantel trata-se do excesso de médios, mas acima de tudo o excesso de extremos
Saíram Atsu e James mas entraram: Ricardo, Quintero, Lica e regressou Iturbe. Pode ainda entrar Bernard. Com Varela, Kelvin e Izmailov são 7 extremos para duas posições.
 
Foi-se comentando a hipótese de emprestar Kelvin, contudo após o final da época passada e o seu papel decisivo em jogos chave, seria estranho não lhe dar uma oportunidade. Mas caso dúvidas houvesse, Kelvin já demonstrou nesta pré-época no jogo com o Marselha que merece ficar no plantel. Mesmo em termos comerciais e markting, seria um tiro ao lado. Kelvin é neste momento um ídolo entre os mais novos, e um dos jogadores mais populares e acarinhados pelos adeptos. Após aquele golo com o Benfica, o que não faltam são camisolas do Porto com o nome de Kelvin estampado. Essa vertente que Kelvin pode trazer, assim como a sua irreverência e capacidade de desencravar jogos complicados não deve ser desaproveitado.
  • Mas trata-se do jogo das cadeiras. 4 cadeiras para Kelvin, Iturbe, Lica, Ricardo, Quintero, Varela, Izmaylov e possivelmente Bernard
Alguns dirão que são várias opções mas que nenhum se afigura como titular indiscutível ou um jogador com a capacidade de ser a estrela da equipa como Hulk ou James. Mas a verdade é que o Porto parte melhor do que partia para a época passada. Tem mais opções, mais extremos. O Porto na época passada chegou a não ter James, e continuou a vencer. Regressou James e nunca mais voltou a ser o mesmo e o Porto sofria por falta de opções para os flancos.
 
Acima de tudo faltava banco ao Porto. Não nos esqueçamos que o Porto jogou na Luz com o banco mais jovem de sempre na história de clássicos recente. Em Alvalade tinha como opções para entrar Sebá e Tozé da equipa b. Os reforços de Inverno para dar mais opções foram Izmaylov e Liedson, um que já não chega com a capacidade física que o notabilizou, e outro que é um jogador reformado em actividade.
 Imaginar um banco do Porto esta época com Reyes, Maicon, Fucile, Defour, Castro, Lica, Josué e Ghilas dá claramente outra confiança. 
  • O reforço Herrera
Nota final para os primeiros apontamentos de Herrera. Gostei do que vi. Um jogador que tal como Moutinho é bastante dinâmico, toca rápido e vai buscar a bola à frente, demonstra ter bastante garra e parece dominar bem quer as transições ofensivas quer as defensivas.
Um primeiro esboço desta nova equipa que para já transparece boas ideias, bons princípios e mais armas para P. Fonseca do que as que teve V. Pereira na época passada.
  • Novo Porto
P. Fonseca quer um jogo menos mastigado em posse, menos interior, mais jogado pelos flancos, daí a o seu pedido a Izmailov que arrisque mais e vá para cima do lateral em vez de fazer sempre o passe para dentro.
 
Parece-me que será um Porto menos refém de uma cultura de posse, que tente chegar mais depressa à baliza, e dando maior profundidade e largura ao seu jogo. O que se manterá será um bloco médio alto de pressão no momento da perda da bola. A defesa continuará a jogar subida e as ordens são para pressionar o adversário logo na 1ª zona de construção.
 
Apontamentos para irmos confirmando. Caberá a P. Fonseca fazer escolhas para fechar um plantel que parece oferecer mais alternativas para uma época em que se pretende ganhar mais, e jogar ainda melhor.

6 comentários:

Pedro Silva disse...

Para te ser sincero confesso que gosto deste FC Porto de Paulo Fonseca.

Naturalmente que ainda estamos na pré temporada e como tal tudo o que vimos até agora pode dizer tudo e não dizer absolutamente nada pois bastará um resultado menos conseguido nos Jogos Oficiais e vai tudo por água abaixo.

Mas admito que gosto mesmo muito deste Porto pressionante com tendência a jogar preferencialmente no meio campo do adversário. Naturalmente que o facto de ter dois médios mais recuados ajuda a isso mesmo, para além de que ajuda também a "esquecer" o João Moutinho e acautela uma possível saída de Fernando.

E sim, finalmente temos um Porto com muitas opções no Plantel. Se calhar até demais se contarmos com os "pesos mortos" Rolando, Djalma e Iturbe e outros tais.

Sim, coloco o iturbe no lote dos dispensáveis porque o rapaz já mostrou por mais que uma vez que não sabe mais do que a sua famosa jogada encosta á linha/diagonal/remate potente à baliza... No último jogo até que lhe caiu bem mas a sorte não dura para sempre. Mantorras que o diga porque era um Jogador que também só sabia fazer sempre a mesma coisa.

Três notas finais:

Kléber: acho tremendamente injusto que classifiques o Kléber de Flop. È preciso ter em linha de conta que o jovem Brasileiro veio para o Dragão como aprendiz de Falcao e de um momento para o outro teve de o substituir sem que tivesse alguém no Plantel que o ajudasse a evoluir. Para mais na altura Vítor Pereira andava completamente perdido no meio de um abismo se bem te recordas.

Já o Walter e Liédson são outra história. Ou melhor são histórias de um fracasso anunciado. Só não via quem não queria.

Kelvin: Tem imensa qualidade mas ainda lhe falta melhorar o timing certo para soltar a bola. Mas fico satisfeito por este ter evoluído mas anda precisa de trabalhar mais.

Apenas lamento que os Adeptos o valorizem pelo golo marcado ao SL Benfica e não pela sua qualidade. Mas esta é uma mariquice que os Portistas teimam em colocar de lado.

Quintero: Espero que faça algo de melhor que o James. E também espero que não tire espaço ao Licá.

Quintero (tal como Ricardo e Tiago) é Jogador para ir rodando entre a equipa B e a equipa Principal. Assim como se de um crescimento sustentado se trate para se evitarem ilusões e outro Iturbe. Vamos a ver no que vai dar o moço.

Ricardo Costa disse...

Obrigado pelo comentário meu caro.
Também gostei do primeiro esboço do novo Porto, menos posse e mais largura e profundidade ao jogo.
Gostei também da política de contratações para esta época embora me preocupe que se tenha jogadores a mais para algumas posições.
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Sobre o Kleber, esse peso de substituir o Falcao dissipou-se na época seguinte e ele continuou a ser um flop, tal como continua a ser no Palmeiras.
Se um jogador não aguenta a pressão não pode ser jogador de alta competição menos ainda de um clube como o Porto.
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O Walter mesmo sendo um enorme flop até ele conseguiu marcar mais golos que o Kleber.
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Acho que Iturbe tem que ser trabalhado e precisa de confiança. Não sei se este será o melhor momento para ele ou se seria preferível estar mais um ano emprestado. Mas sendo emprestado acho que não poderia ser ao River, ele precisa de evoluir num clube europeu e baixar expectativas. Ao Atsu e ao Kelvin só lhes fez bem um ano em Vila do Conde.
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Quanto ao Quintero ele vem com um estatuto e por um preço que obviamente não permite que ele seja jogador da equipa b. Ele vem para integrar o plantel principal e para discutir um lugar no onze. Ninguém investe o que o Porto investiu para colocar o jogador a jogar na 2ª liga.
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Também espero que o Licá fique no plantel, mas acima de tudo espero que o Castro não seja uma vez mais o sacrificado devido à proliferação de médios.
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Carlos Eduardo, Tiago Rodrigues, Ricardo, Iturbe entre outros seriam para emprestar.

Um abraço

Pedro Silva disse...

Ricardo não obstante teres razão quando dizes que um jogador deve ser dispensado quando não aguenta a pressão de jogar no FC Porto, penso que deves ter em especial consideração que já há uns largos anos que o Palmeiras vem sendo um buraco negro para os Jogadores e treinadores. Não há Alma nenhuma que consiga ter sucesso no actual Palmeiras. Até parece bruxedo!

E se formos pelos golos, o Kléber também marcou alguns e até bem importantes. Assim de cabeça lembro-me de um que ele marcou ao SL Benfica no Dragão e o jogo terminou empatado a duas bolas salvo erro.

O Walter marcava era ao Limianos e outros tais :-)

Quanto ao resto, também eu via com bons olhos um empréstimo do Iturbe a uma equipa da nossa Liga principal. Só que o moço não quer. Está visto que para ele é ficar no FC Porto no Plantel principal ou regressar ao River Plate. Por mim ia já e de patins.

Relativamente ao Quintero acho que percebeste mal. Eu não escrevi que este deverá ser Jogador da equipa B.
O que eu escrevi é que para uma melhor adaptação e crescimento sustentado (até para proteger o grande investimento que o Clube fez com o seu passe) este deverá ser jogador do Plantel principal mas jogar na equipa B sempre que possível.

Eu não conheço o rapaz, mas sei que quem vem da América do Sul precisa sempre de se adaptar ao futebol Português sob pena de dar asneira.

Aquele abraço!!!

Anónimo disse...

Não vem da América do Sul, ele vem do campeonato Italiano e já tem bastante experiência. Foi o melhor jogador do Mundial Sub-20 e já é idolatrado pelos adeptos do seu país.
Não é jogador para jogar na equipa B, de todo, isso seria um erro enorme.

JOSE LIMA disse...

Ricardo
Independente de quem vai ganhar os lugares do meio-campo e avançados, do que eu mais gostei foi dos passes dos 2 médios recuados “a rasgar na vertical” e as subidas alternadas dos laterais a ir à linha e centrar atrasado, para jogadores vindos de trás.
O triângulo só está “invertido” no papel. Na prática os dois médios recuados, fazem de 6 e de 8. Até o Fernando andou lá pela frente. Palpita-me que os golos vão ser divididos por muitos jogadores. Repare no carroussel que, a determinada altura, se formou: O triângulo sobe todo, ao mesmo tempo que os alas metem para dentro, e abrem espaço para os laterais subirem, à semelhança do que faz Salvio com Maxi, por exemplo.
Se perdermos a bola, os tais 2 médios, podem dobrar os alas. Esta pressão em terrenos avançados já tinha sido ensaiada por Vítor Pereira mas, desta vez, toda a gente corre e troca de lugar. Por fim parece-me que este sistema abandona em definitivo o “passa, ripassa e chuta” que chegava a entediar os paisanos que viam as partidas, bem como o facto do 9 não jogar sozinho no meio dos defesas à espera de cruzamentos impossíveis de segurar, como no ano passado.
Foi inteligente “proteger” Lucho e retirá-lo da ala, passando a fazer uma espécie de nº 10 que, na realidade, não existe. Ainda hoje li um interessante artigo do Freitas Lobo, a desmistificar esses “maestros” nº 10 em vias de extinção (enquanto “donos da bola”). Numa mesma partida podem ser vários a fazer o lugar.
Abraço

Pedro Silva disse...

O facto de Quintero vir do campeonato Italiano é um ponto a seu favor.

Mas isto não quer dizer nada. Assim como não quer dizer nada o facfo de este ter sido o Melhor Jogador do Mundial de Sub. 20 e de ser idolatrado.

O verdadeiro desafio do rapaz começa agora e vamos a ver como se porta.

Repito, eu não disse em parte alguma que o Quintero era um Jogador exclusivo da Equipa B.

O que eu disse, e repito, é que para facilitar a sua integração este deverá fazer alguns jogos na equipa B sempre que não for utilizado na equipa principal.

O James passou por algo parecido (na altura não havia Equipa B) e não "morreu". E se calhar se o seu processo de integração não tivesse sido forçosamente acelerada por terceiros se calhar este até teria saído do Dragão para um Clube bem maior e teria deixado bem mais saudades.