domingo, 2 de novembro de 2014

Brahimi resolve

Começar e acabar o filme do jogo à volta do golo de Brahimi pode parecer redutor, mas só esse momento justificou um bilhete de qualquer adepto que tenha assistido à partida. Vitória justa do FC Porto contra um Nacional atrevido e que resistiu respondendo, dando emotividade ao desafio.
 
Depois da derrota do Sporting em Guimarães, o FC Porto entrava em campo sabendo que se podia distanciar do rival Leonino e continuar a pressionar o líder Benfica, pelo que, num ambiente saudável e composto, foi isso que os de Lopetegui procuraram desde cedo.
 
Pela entrada em campo de ambas as equipas, era visível qual a tendência reinante. Jogo no meio campo dos Madeirenses, muitas vezes no último terço, com FC Porto mandão, autoritário e com pressa de resolver o desafio. Pelos primeiros minutos, estava-se mesmo a ver que o golo apareceria. E apareceu, por Danilo, tão natural como os festejos na bancada.
Uma equipa baseada nas suas asas e focada no jogo exterior. Quaresma e Brahimi, os deambulantes principais, Danilo e Alex Sandro, os auxiliares de luxo, Óliver e Quintero, os disciplinadores da criatividade, Jackson Martínez, o beneficiado com a fluidez pelo flanco. Rui Silva, o 'vilão' do Dragão, a tirar o golo de formas sucessivas e a viver o tal sonho de jogar neste palco com 20 anos. Estava-se mesmo a ver que queria dar nas vistas, o internacional sub-21.
Casemiro, primeiro a 'pedir', depois a receber o cartão amarelo, ainda nem 20 minutos de jogo tinham sido jogados. Tendência que o Brasileiro teima em prolongar e que, estava-se mesmo a ver, iria condicioná-lo nas acções defensivas, sobretudo nas dobras aos laterais. Marco Matias e Rondón é que não aproveitaram.
E estava-se mesmo a ver que este FC Porto se apaixonava tanto pelas deliciosas jogadas atacantes de Quaresma e Brahimi que, depois, se deslumbrava no sector defensivo. Passes falhados, espaços concedidos, permeabilidade. Manuel Machado estava a vê-lo, Gomaa, sempre que tinha uma brecha, também, só que os dianteiros não acompanharam.
No somatório, muito mais FC Porto no primeiro tempo, com vantagem justa e oportunidades para mais, mas também riscos desnecessários no sector defensivo que não foram aproveitados da melhor forma pelo Nacional. A segunda parte exigia mais rigor de um lado e do outro. No capítulo defensivo, nas compensações, havia muito a corrigir.
Do que se pôde avaliar no início do segundo tempo, as correcções foram feitas, sobretudo nas laterais do Nacional, onde os intervenientes passaram a estudar bem melhor otiming de abordagem aos extremos do FC Porto.
Perante um adversário mais agressivo e a subir as linhas de pressão, a equipa Azul e Branca teve uma queda de produção no arranque da segunda parte e Lopetegui percebeu isso. Herrera foi a jogo para dar resposta a uma subida Madeirense que, estava-se mesmo a ver, precisava de ser estancada.
Os Dragões até poderão ter perdido alguma magia, mas recuperaram disciplina táctica e os acertos defensivos, que tão deficitários estavam até então, melhoraram a olhos vistos. Para a segurança dos três pontos foi bom, para a qualidade do espectáculo, nem tanto...
Só que, mesmo que a tendência pudesse ser bocejar, nunca se pode perder a esperança de se assistirem a hinos ao futebol quando em campo estão determinados intervenientes. Como Brahimi, por exemplo. O que se viu no minuto 74 não foi só uma machadada no resultado. Foi, isso sim, um momento ímpar no jogo, na jornada, no Campeonato. Caro leitor, se puder, veja a simplicidade transformada em arte por Alex Sandro, Óliver Torres e, sobretudo, Brahimi. Bilhete pago. E aquilo era algo que, pela pasmaceira dos últimos minutos, não se estava mesmo a ver.
Ver é coisa que o FC Porto continua a conseguir fazer em relação ao Benfica, líder do Campeonato, mas apenas a um ponto de diferença. Depois da derrota do Sporting em Guimarães, a luta estreita-se mais a Azuis e Encarnados... com o Vitória SC a continuar atrevido. 

Retirado de zerozero 

Melhor em Campo: Danilo

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